Morre uma parte de Portugal. Do Portugal que se transcende, que nos faz acreditar, que nos torna maiores pela sua relação com a simplicidade, com causas e com a Cultura.
Morreu Álvaro Cunhal, mas também Eugénio de Andrade. Confesso que sinto mais a falta do último, apesar do paradoxo que é o meu nebuloso conhecimento da sua obra. Cultivo com os grandes autores essa bizarra relação de conhecimento retardado, que aguarda pela oportunidade, pela atenção que lhes devo oferecer, mas que nem sempre surge. Por isso, não conheço verdadeiramente a obra de Eugénio de Andrade, apenas alguns dos seus versos, gramas do seu peso poético. Aguardava pela acalmia do meu intelecto para desfrutar do seu génio. Colocava-o no mesmo patamar que coloco Pessoa, também à espera de um momento semelhante. Percebo hoje que não pode haver momento para a descoberta da excelência. Tenho-me perdido noutras leituras. Fiz pausa na literatura e a verdade é que me sinto mais pobre, menos realizado como ser, apesar de mais integrado. Estou no refúgio do livro técnico, aqueles que nos procuram explicar a vida nas suas mais variadas vertentes, mas que se refugiam, eles próprios, nessa palavra que só a poesia consegue descrever. Se a vida é algo, é o amor que nos une e a única técnica que existe para o transmitir é a poesia. Há em Eugénio, como noutros da gesta estratosférica de poetas portugueses, esse carácter de mensageiro de vida, das suas mais elementares partículas e, no entanto, muitos de nós, bastantes, continuamos a encarar a mão do poeta como uma fonte de displicências e lirismos supérfluos. Se assim pensam sobre a mão do poeta, oiçam Eugénio no seu tom sincopado:
Morreu Álvaro Cunhal, mas também Eugénio de Andrade. Confesso que sinto mais a falta do último, apesar do paradoxo que é o meu nebuloso conhecimento da sua obra. Cultivo com os grandes autores essa bizarra relação de conhecimento retardado, que aguarda pela oportunidade, pela atenção que lhes devo oferecer, mas que nem sempre surge. Por isso, não conheço verdadeiramente a obra de Eugénio de Andrade, apenas alguns dos seus versos, gramas do seu peso poético. Aguardava pela acalmia do meu intelecto para desfrutar do seu génio. Colocava-o no mesmo patamar que coloco Pessoa, também à espera de um momento semelhante. Percebo hoje que não pode haver momento para a descoberta da excelência. Tenho-me perdido noutras leituras. Fiz pausa na literatura e a verdade é que me sinto mais pobre, menos realizado como ser, apesar de mais integrado. Estou no refúgio do livro técnico, aqueles que nos procuram explicar a vida nas suas mais variadas vertentes, mas que se refugiam, eles próprios, nessa palavra que só a poesia consegue descrever. Se a vida é algo, é o amor que nos une e a única técnica que existe para o transmitir é a poesia. Há em Eugénio, como noutros da gesta estratosférica de poetas portugueses, esse carácter de mensageiro de vida, das suas mais elementares partículas e, no entanto, muitos de nós, bastantes, continuamos a encarar a mão do poeta como uma fonte de displicências e lirismos supérfluos. Se assim pensam sobre a mão do poeta, oiçam Eugénio no seu tom sincopado:
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