sexta-feira, maio 13, 2005

O palco dos confrontos

Pela imprensa desta semana ficámos a saber que o pai de Marques Mendes pediu uma cunha a Valentim Loureiro, para conseguir um emprego para um familiar ou amigo. Muitos apressam-se a utilizar mais um trunfo de manga de alpaca para atacar Marques Mendes. Para mim, está tudo claro sobre a fonte de tão oportuna notícia. Afinal não é Valentim Loureiro quem se encontra numa pré-polémica com Marques Mendes relativa à sua eventual recandidatura à autarquia de Gondomar? Que jornalista se daria ao trabalho de andar a perseguir semelhante furo noticioso?
O aroma da vingança paira no título do pasquim. A imprensa serve hoje de palco para snipers, camuflados e bem abrigados, lançarem projectéis e mísseis balísticos contra inimigos incautos. O que teremos a seguir? Outros autarcas renegados a queixarem-se de um qualquer almoço pago a Marques Mendes sem que agora tenham retorno. O perfume desta política é nauseabundo, mesmo quando embrulhado em papel de jornal. Trata-se do caciquismo local e regional a assumir protagonismo nacional através dos media.
Alguém dizia que se meter uma cunha é crime metade do país estaria preso. Provavelmente, até eu, que a única vez que o fiz foi para trabalhar... à borla! A dependência dos esquemas chegou a este ridículo, e a melhor entrevista de emprego continua a ser a palmada nas costas e um “veja lá o que pode fazer”. Quando nada se pode fazer há sempre o risco de, no ricochete, se ouvir: “senão...”. Nessas alturas aparecem cobranças, que afinal não estavam saldadas, notícias ofensivas, boatos caluniosos e ameaças.
Portugal é uma país influenciado e influenciável. Ter mérito e competência não é garantia de sucesso, mas catalisador de desconfiança e mesquinhez. Em Portugal para além de mérito é preciso ser guerreiro, mas nem todos têm essas duas qualidades. Os que as não possuem ficam irremediavelmente pelo caminho, sem nunca terem direito a aparecer no jornal, a menos que enveredem pela “outra” estratégia.

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