terça-feira, fevereiro 15, 2005

O "spam" político

Abrimos o jornal, ligamos a televisão e o rádio, acedemos à net e lá está ele... em todo o lado. Num tom mais brejeiro poderíamos ainda apelidá-lo de emplastro político, mas não quero ir tão longe. Para mim funciona mais à semelhança dos irritantes spam’s que nos enchem as caixas de correio electrónico pejados de produtos miraculosos e de perfeitas inutilidades. Acedem à nossa privacidade, aos nossos dados pessoais com irritante facilidade e sempre com uma mensagem subliminar: “Com papas e bolos se enganam os tolos” ou, melhor ainda, “todo o burro come palha é preciso é saber lha dar”.
Vem este preâmbulo a propósito de uma carta que estava na minha caixa de correio com o seguinte remetente: “Se não costuma votar leia esta carta”. Percebi, de imediato, que seria da autoria de algum génio brasileiro da comunicação política. Não estava enganado.
Primeiras pérolas: “Não pare de ler esta carta”. Que melhor forma de pedir atenção quando não se tem nada para oferecer? Prossegue com ataques ao Presidente da República, identifica os seus opositores como “eles” ou “os poderosos”, ataca a “velha maneira de fazer política” (será esta a nova?).
A esmeralda: “Eles acham que eu sou de fora do sistema que eles querem manter. Já pensou bem nisso?”. É a surrealidade levada ao expoente máximo. Fora do sistema... o que fez este político fora da política?
A pérola falsa: “Tenho defeitos como todos seres humanos, mas conhece algum político em Portugal que eles tratem tão mal como a mim? Também o tratam mal a si. Já somos vários.” Nem vou comentar o português... como é possível o PSD permitir uma campanha destas?
Nem tudo é mau, pois não poderia estar mais de acordo com a última pérola deste rosário: “Desta vez, venha votar. É um favor que lhe peço!”.
Ainda existe a hipótese desta carta ser falsa, da autoria de algum crítico corrosivo da nossa política...
O meu voto será o meu sistema anti-spam.

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