quarta-feira, fevereiro 16, 2005

Deus escreve direito por linhas tortas?

Entrou hoje em vigor o Protocolo de Quioto que, como sabemos, tem por objectivo combater o aquecimento global do planeta. A partir de agora os países que o ratificaram vão ter de cumprir as metas estabelecidas até 2012. Portugal é um dos vários países aderentes que se encontra em derrapagem acentuada. Desde 1990 as emissões portuguesas aumentaram 40%, o aumento permitido até 2017 é de apenas 27%. A provável vitória de José Sócrates coloca como primeiro-ministro o ministro do Ambiente que negociou o tratado para Portugal. Depois de ter sido acusado pela oposição de ter sido protaganista num acordo que não é favorável a Portugal, Sócrates pode estar na eminência de recorrer à compra de quotas de países menos desenvolvidos para suprir o excedente nacional. Se o fizer entrará em contradição com aquilo que defende para o caso da co-incineração, sobre a qual sempre afirmou que Portugal não deveria procurar no estrangeiro a solução para um problema interno.
A unanimidade dos especialistas em comentar a insuficiência do Programa Nacional para as Alterações Climáticas coloca Portugal numa situação de necessitar de mais um choque. Um choque Quioto. Todos sabemos que as energias renováveis são amigas do ambiente, mas ainda não são amigas da economia, a menos que o petróleo regresse a valores superiores a 50$, por um tempo prolongado. Mas isso seria também uma notícia preocupante para o crescimento económico de Portugal onde a meta estará fixada em 3%, algo que não será fácil de cumprir numa legislatura, quanto mais antes disso.
O período dos “objectivos” vai acabar dando lugar ao da execução, caso o PS não cumpra a sua imagem de partido de governo pode estar irremediavelmente perdida, à mercê de perspectivas messiânicas que grassam em partidos... ou países... que não estão à altura das suas responsabilidades.

1 comentário:

Anónimo disse...

Humberto (Humbertothewizard@Hotmail.com)
Eu penso que seja qual fôr o governo que surga após 20 Fevereiro, vai ter a responsabilidade de cumprir o programado no Protocolo de Quioto, e mal ou para bem, terá de criar as politicas adequadas à redução das emissões de gases para a atmosfera. Sendo que, uma delas, poderia ser a sensibilização e investimento, assim como diz o Miguel, nas energias renováveis, e porque não apostar no Sol, uma vez que, a média de exposição solar se situa na ordem dos 8-9 meses/ano em Portugal? O que é facto, e à margem de Quioto, o próximo executivo terá de necessáriamente de encontrar medidas consistentes e eficazes na manutenção e preservação do meio ambiente nacional.