segunda-feira, fevereiro 21, 2005

"Espero que o PS esteja à altura desta vitória"

Especial Eleições: PS

Helena Roseta, uma das mais acérrimas opositoras de José Sócrates dentro do Partido Socialista, deixou escapar este desabafo pouco tempo depois da vitória histórica do seu partido. Para alguém da História, como é o meu caso, qualquer resultado seria histórico, pois teria o seu lugar nos anais dessa ciência. Foi histórica no sentido de quebrar uma tendência, a dificuldade do Partido Socialista em alcançar uma maioria absoluta. No fundo o desabafo de Helena Roseta representa a perspectiva de milhares de portugueses que terão efectuado, nestas eleições, um pacto com o PS, a hipótese de mostrar que é um partido de governo, que venceu os seus medos e tendências internas, que conhece a realidade internacional e que quer colocar Portugal entre os melhores. Para o fazer terá de governar fora do espectro tradicional da esquerda poeirenta. O PS e a restante esquerda terá de perceber que Portugal, mais do que trilhar um novo caminho assente numa nova ideia de sociedade (onde é que ela se encontra?) tem de acelerar processos de forma a que o país acompanhe aquelas que devem ser as suas referências e todas elas se encontram na Europa. A política económica não pode ser intervencionista, muito menos despesista, mas deve fomentar a cultura empreendora e de vanguarda. Qual a diferença para um partido de direita? Avançar com estas reformas sem nunca se esquecer dos seus valores fundamentais: liberdade e igualdade de oportunidades. Igualdade de oportunidades. Aqui assenta o modelo social de um partido de centro-esquerda como o PS.
Apesar da esmagadora vitória o PS não vai ter estado de graça, nem poderia ser de outra forma. Portugal confiou, de olhos fechados, com receios, mas confiou. Passou o já banalizado cheque em branco, ora quando na nossa vida passamos algum (e como sabem passamos muito poucos hoje em dia!) ficamos sempre apreensivos quanto ao cumprimento integral da outra parte. Porque deveria ser diferente? O primeiro sinal aos portugueses vai ser a formação do novo elenco governativo, daí nascerá o impulso de mudança ou uma ácida resignação que poderá corroer a credibilidade do governo. Destas eleições sai uma lição clara daquilo que os portugueses não querem nos seus governos, estão fartos das trapalhadas, da falta de sentido de Estado, das traições, dos aparelhos. Vão surgir muitos nomes, mas aproveito para lançar algumas apostas/desejos: Mega Ferreira para a Cultura, Artur Santos Silva para as Finanças, Vitorino para a Justiça ou vice-primeiro ministro e Jaime Gama (uma vez que terá um lugar garantido) para os Negócios Estrangeiros...
Para reflexão final deixo uma frase que paira em muitas mentes: “E agora PS?". Não será estranho que tanta gente faça esta pergunta? Nunca como agora foi possível responder eficazmente a estas inquietações. Um falhanço governativo socialista poderá ser a machadada final na credibilidade do PS como partido de governo capaz de reforçar um caminho para além do proposto pelo PSD.

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