"O Fantástico Mundo da Mentira" recentemente lançada pelos produtores desse filme série B em que se transformou a campanha do PSD contém pérolas que procuram demonstrar a cabala mediática montada contra Pedro Santana Lopes. O feiticeiro queixa-se do feitiço.
A cabala procura criar na opinião pública a ideia de que Santana é "uma figura autoritária, inconsequente e irresponsável", mais grave "uma pessoa fútil e um protagonista de telenovela". Oh, cruel, vil e torpe injustiça!
Que cabala estranha...
O que temo, enquanto democrata, é que a desorientação de Santana transporte o PSD para uma telerealidade que permaneça mesmo depois das eleições e que torne a sua substituição particularmente difícil. Não serão fáceis os próximos anos para o PSD, com a composição na Assembleia da República mais fraca dos últimos anos, com o vazio programático deste líder, com a política de terra queimada e o terreno minado para outros líderes devido às fracturas que o desespero eleitoral está a provocar. Porque quer Santana falar agora de eutanásia, homossexualidade e aborto? A esperança é que José Sócrates responda e se crie uma onda de descontentamento geral e o PSD a possa capitalizar. Brilhante! Mais cabalístico do que isto não conheço... Acrescente-se as insinuações de Santana sobre a vida de Sócrates e está criado o complot.
O colo onde Santana se deveria sentar era no de Sá Carneiro para que este lhe pudesse aplicar umas valentes palmadas, por associar a imagem de um dos mais proeminentes políticos portugueses à sua própria imagem.
Para os admiradores de Sá Carneiro imaginem este cenário: tenho 27 anos, não me recordo de Sá Carneiro, não leio jornais, só vejo televisão, o que será que penso de Sá Carneiro? Vou pensar que seria parecido com Santana Lopes! Esta apropriação da História é realmente grave. Imaginem que Paulo Portas faz de Freitas do Amaral a sua referência... e Sócrates se lembra de Mário Soares!
"O Fantástico Mundo da Mentira" tem de acabar. Chega de cultura egocêntrica. Não gostam da alternativa? Dêem um sinal para o futuro. Vivemos um período de transição, estou convencido que os Borges e Vitorinos não vão abdicar de Portugal, assim nós não o façamos primeiro.
Para meditar: No Iraque sob ameaça de atentados tivemos uma participação eleitoral que envergonha algumas das nossas eleições
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