sexta-feira, dezembro 31, 2004

Subsídios para uma vitória eleitoral

Agora que captei a vossa atenção através do título, quero esclarecer que não me refiro a concessões financeiras a políticos ou a eleitores, mas antes à reafirmação da importância que o emprego assume nas grandes economias do Mundo. Basta ler o artigo de Arnold Shwarzeneger, na The Economist, para detectar que a linha central da política de recuperação económica da Califórnia está toda virada para a criação de emprego. Na Alemanha, o ministro (Socialista) da Economia anuncia “pleno emprego para 2010”, com uma taxa entre os 3 e os 5%, desde que a economia mundial se desenvolva dentro de parâmetros convencionais.
Em Portugal algum partido se arrisca a estabelecer objectivos desta envergadura, explicando previamente as reformas essenciais para o cumprimento dessa meta?
Enquanto um assomo de responsabilidade não atinge os dois grandes partidos, ficámos a saber, esta semana, que a mobilidade dos trabalhadores portugueses é “elevada”. Este facto surpreendeu-me, apesar de um olhar mais atento aos números revelar motivos de preocupação. O nível elevado de mobilidade é garantido apenas por 20% do universo dos trabalhadores e os licenciados são quem mais perde com a mudança de emprego, pois os seus rendimentos caem 0,4 % quando efectuam a mudança.
Um pormenor não menos importante é que nestes números não constam os trabalhadores em regime de recibo verde, apenas os contratados. Se os recibos verdes fossem incorporados aumentaria a mobilidade, mas baixaria os indicadores de rendimentos, de protecção social, económica e laboral e permitiria compreender a verdadeira dimensão desse fenómeno de deturpação legislativa, onde um sistema de pagamento de serviços complementares é aplicado indiscriminadamente a trabalhadores a tempo inteiro.
Apresentem trabalho a sério meus senhores.

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