sexta-feira, novembro 19, 2004

Santana o evangelista

A estratégia de Santana para o PSD é em tudo semelhante à de Paulo Portas no PP e ambas têm algo da táctica que José Mourinho procura implantar nas suas equipas. Mourinho refere frequentemente que quando não podemos dominar o jogo devemos controlá-lo, mas também sabe que, por vezes é mais fácil aplicar esta máxima nos jogos contra equipas adversárias do que no interior do balneário.
Sinceramente espero que esses problemas de balneário se levantem no interior do PSD e que a estratégia de lobotomia partidária desenvolvida por Santana Lopes não relegue o partido para um estado vegetal. Tenho confiança nisso, porque é uma realidade com a qual sempre identifiquei o PSD, onde existe uma pulsar combativo, mas também um toque a reunir quando é imperativo. O PSD não sendo uma massa tão disforme e heterogénea como o PS tem as suas correntes e tendências que não o deixam assumir-se como um partido, na sua essência, urbano ou rural.
Aquilo que Santana procurou foi um congresso de aleluias e teve as absolutamente necessárias nestas circunstâncias, mas não existiram apoteoses ou catarses. A evangelização ainda não domina, mas já controla. Santana já possui A Voz da Verdade (no discurso e na imprensa), a God Tv (RTP), faltam apenas as emissoras católicas, a RDP e a TSF.
O discurso já circula no éter e no papel, frases feitas, vazias e irresponsáveis, o apelo ao irresistível e a manipulação que só o poder permite. O pastor lamenta-se, grita e apela ao rebanho que o siga, mas quando o rebanho não gosta do sacristão, não se deixa controlar, muito menos dominar.

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