quarta-feira, outubro 06, 2004

Idioma Jazz

Como aquele miúdo génio informático que pergunta ao intelectual quantas línguas fala e este lhe responde que fala 5 línguas, para além da nativa, contrapõe o hacker que apenas fala uma, a numérica pela qual se regem os computadores. Nesse mundo virtual a linguagem é única. No Jazz real é a mesma coisa, a língua é a mesma. Vem esta introdução na sequência do concerto do Jazz Composers Collective que actuou em Leiria, no passado dia 4 de Outubro. O projecto, em forma de tributo ao compositor Herbie Nichols, assenta numa evolução da obra deste compositor onde se reverencia o jazz tradicional com a implementação de uma sonoridade próxima das formas mais contemporâneas. Há assim uma tensão entre passado e futuro, entre raiz e copa, que a mim me agrada particularmente. Com alguns momentos altos no alinhamento (em particular o tema Trio) e com performances poderosas dos intépretes, dos quais se destacou o saxofonista Michael Blake. Apesar disso, a alma do grupo passa por Frank Kimbrough (brilhante na consistência do grupo e nos diálogos com os solistas) e Ben Allison, contrabaixista de grande nível, onde tudo soa perfeito. A secção rítmica fica composta com a bateria de Michael Sarin (não vou fazer analogias com o nome do homem!), uma devassidão rítmica, com momentos de uma musicalidade que envergonha muitos instrumentos de sopro! Para finalizar as referências aos músicos fica a referência ao som da Ron Horton, que chegou a ser trepidante apesar de me ter parecido o menos inspirado.
O idioma jazz foi claro, assim como o prazer que dele resultou, apesar da presença inesperada de uma trash session de alguns hooligans da arte, que se encontravam na fila anterior e que entenderam fazer uma sessão de comédia, enquanto os solos decorriam num clima de comunhão entre músicos e público. Tiradas hooligânicas de massas de carne em vinha d'alho (bebedíssimos!!) apimentadas pelo idioma da última parte do levanta-te e ri...
Ate jazz... fiquem bem


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