Portugal é verdadeiramente um país paradoxal, na forma como se encara e na forma como encara o mundo. De tomada de posição fácil em discussões interncionais e de pesados silêncios nas discussões internas. Enquanto milhares de franceses protestam violentamente, demonstrando a sua coerência histórica, contra uma nova lei para o combate ao primeiro emprego, os portugueses rapidamente se associam e manifestam a sua estupefacção perante semelhante quadro legislativo. A medida simbólica, e ao mesmo tempo essencial, é a possibilidade de empresários despedirem livremente, durante um período inicial de dois anos, jovens no seu primeiro emprego. Evidentemente há um risco hipotético de todo o primeiro emprego se tornar precário, de todas as empresas se refugiarem nesta lei para, pura e simplesmente, não colocarem um jovem nos seus quadros. No entanto esta assumpção esquece que, nunca como agora, os activos humanos das empresas foram tão valorizados e a prospecção de talentos faz inveja a sectores como o futebol.
Para alem do mais, esta discussão emocionalmente exacerbada coloca de parte o mérito desta lei, que é procurar vencer as resistências das empresas em apostar em jovens sem experiência. Hoje em dia um jovem, quando finaliza os seus estudos, já não procura um emprego, procura uma oportunidade que possa gerar em emprego.
Esta realidade é dura e é de alguma forma caricatural do extremo a que ainda não chegámos…
Com taxas de desemprego elevadíssimas entre os jovens o governo francês ousou colocar uma medida que até em Inglaterra sofreria forte contestação. Concorde-se ou não, pelo menos houve alguma acção. De alguma forma, só demonstra, mais uma vez, esse cruel combate que se trava na política entre o ideal e o possível.
A um quadro de estagnação propõe-se um quadro de rupturas para um novo balanço, aquilo que surgirá depois dos protestos será, a longo prazo, uma vitória de pirro, eventualmente, uma vitória moral. Convenhamos que a semana das 35 horas também o foi sem, no entanto, ter produzido os efeitos que se avançavam. A Europa tem de olhar para o resto do Mundo e perceber que as soluções de compromisso acarretam custos futuros, mais difíceis de aceitar que os do presente.
Regressando às posições decididas dos portugueses, deixo no ar a seguinte pergunta: qual é a melhor? Esta nova lei francesa (onde presume que os descontos sejam efectuados pela empresa) ou a prática nacional dos recibos verdes?
A saga dos Sem-Contrato portugueses continua e está instituída arreigadamente. Milhares de jovens ganham menos de mil euros mensais, pagam IRS, Segurança Social, não têm protecção do Serviço Nacional de Saúde, não têm qualquer vínculo com a entidade contratante, em resumo: podem ser despedidos a qualquer momento.
Pergunto mais uma vez: o que é melhor? Um país ou um país avestruz? Porque não há a mesma solidariedade com os Sem-Contrato portugueses que existe neste momento com os potenciais contratados precários franceses?
Recentemente um amigo teceu uma consideração sensivelmente semelhante a esta: quando só olhas para o teu umbigo, não percebes a dimensão do mundo à sua volta. Neste caso concreto será melhor que os portugueses olhem primeiro para o seu umbigo porque as injustiças estão mesmo à sua volta.
Para alem do mais, esta discussão emocionalmente exacerbada coloca de parte o mérito desta lei, que é procurar vencer as resistências das empresas em apostar em jovens sem experiência. Hoje em dia um jovem, quando finaliza os seus estudos, já não procura um emprego, procura uma oportunidade que possa gerar em emprego.
Esta realidade é dura e é de alguma forma caricatural do extremo a que ainda não chegámos…
Com taxas de desemprego elevadíssimas entre os jovens o governo francês ousou colocar uma medida que até em Inglaterra sofreria forte contestação. Concorde-se ou não, pelo menos houve alguma acção. De alguma forma, só demonstra, mais uma vez, esse cruel combate que se trava na política entre o ideal e o possível.
A um quadro de estagnação propõe-se um quadro de rupturas para um novo balanço, aquilo que surgirá depois dos protestos será, a longo prazo, uma vitória de pirro, eventualmente, uma vitória moral. Convenhamos que a semana das 35 horas também o foi sem, no entanto, ter produzido os efeitos que se avançavam. A Europa tem de olhar para o resto do Mundo e perceber que as soluções de compromisso acarretam custos futuros, mais difíceis de aceitar que os do presente.
Regressando às posições decididas dos portugueses, deixo no ar a seguinte pergunta: qual é a melhor? Esta nova lei francesa (onde presume que os descontos sejam efectuados pela empresa) ou a prática nacional dos recibos verdes?
A saga dos Sem-Contrato portugueses continua e está instituída arreigadamente. Milhares de jovens ganham menos de mil euros mensais, pagam IRS, Segurança Social, não têm protecção do Serviço Nacional de Saúde, não têm qualquer vínculo com a entidade contratante, em resumo: podem ser despedidos a qualquer momento.
Pergunto mais uma vez: o que é melhor? Um país ou um país avestruz? Porque não há a mesma solidariedade com os Sem-Contrato portugueses que existe neste momento com os potenciais contratados precários franceses?
Recentemente um amigo teceu uma consideração sensivelmente semelhante a esta: quando só olhas para o teu umbigo, não percebes a dimensão do mundo à sua volta. Neste caso concreto será melhor que os portugueses olhem primeiro para o seu umbigo porque as injustiças estão mesmo à sua volta.
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