Investimento e obras públicas
Nogueira Leite, economista, comentou recentemente que a única estratégia que existia para Portugal, está do outro lado da fronteira. Em Espanha, claro. Só assim se compreende que um país ou um governo que tem a tecnologia como bandeira aliadada com a formação dos recursos humanos, que se encontra a pedir sacrifícios sem precedentes recentes aos portugueses venha agora falar em projectos de grandes obras públicas para relançar a economia.O Governo quer ou não deixar a economia “privada” avançar e tornar-se o motor do nosso desenvolvimento económico? Mudam os executivos, mas a lógica de obras públicas “à Alqueva” mantém-se. O que adianta apostar no gigantismo num país da dimensão do nosso?
Valerá a pena investir centenas de milhões de euros numa linha de Alta Velocidade para ganhar 25 minutos ao Alfa pendular?
Jutifica-se a ligação a Madrid apesar de reforçar a centralidade de Madrid no contexto ibérico, mas essa é uma realidade para a qual há pouco a fazer neste momento, pois mais uma vez acordámos tarde e em período de recessão.
O mesmo vale para o novo aeroporto de Lisboa. Portugal permitiu e a Espanha conseguiu que Barajas se assumisse como um placa giratória da Europa para a América do Sul e os planos de expansão desse aeroporto são avassaladores. Mais uma vez as nossas hipóteses são irreais, pouco transparentes e obedecem a interesses que ninguém compreende. A Ota tem um microclima prejudicial à navegação aérea, iria requerer investimentos rodoviários e ferroviários avultados. Imagine-se só as implicações na saturada A1... Implica profundas movimentações de terrenos e a sua centralidade no território nacional só fará sentido se for para acabar com o aeroporto de Pedras Rubras. Isso nem se coloca!
Não avançou a hipótese porque isso implicaria o abate de sobreiros. Este argumento faz-nos soltar uma gargalhada depois da declaração de utilidade pública passado ao projecto Portucale! Em termos geográficos e estratégicos essa seria a melhor opção serviria o centro e Sul de Portugal, a Extremadura e a Andaluzia espanhola. Este projecto implicava a criação de uma nova travessia ferroviária do Tejo que permitiria a ligação Norte/Sul sem passar pela saturada ponte 25 de Abril. A maior proximidade a Lisboa e o capital turístico desta opção, só batido pel Portela neste domínio, são outras vantagens a não desprezar. Só quem nunca entrou em Lisboa pelo rio não percebe o que estou a dizer.
Atenção que existem outras opções, que sinceramente não conheço também como a adaptação de algumas bases militares como o Montijo para facer face à investida das denomindadas companhias low cust.
A ausência de estraégia em Portugal faz lembrar os jogadores de xadrez que desprezam a utilidade dos peões e a mobilidade e flexibilidade do cavalo, preferimos sempre aguardar o nosso rei entre torres e bispos e só avançamos com a rainha quando nos encontramos em franco desespero.
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