sábado, abril 02, 2005

A Semana Política



Facto da Semana

Manuel Maria Carrilho vai ser o candidato do Partido Socialista à Câmara Municipal de Lisboa. Boa escolha, apesar da interessante hipótese de uma candidatura de Mega Ferreira. Ferro Rodrigues foi certamente um nome lançado pela ala Ferrista que procurava assim não desaparecer totalmente do mapa político socialista, contando com o apoio de alguns guterristas mais acirrados que nunca perdoaram a Manuel Maria Carrilha as críticas a António Guterres. O tempo deu-lhe razão e a postura de M. M. Carrilho foi de coragem e marcou-o internamente, no curto prazo. Se foi uma postura de coerência política o tempo encarregar-se-á de o premiar, se, pelo contrário, foi o habitual tacticismo político lusitano o mesmo julgamento será feito, mas nessa altura o balanço será pesado.
Manuel Maria Carrilho é um homem extraordinariamente inteligente, que também revela capacidade de trabalho e será um político de mérito, se assumir uma postura mais consentânea com a realidade nacional. O português não esquece políticos que gastam fortunas públicas em devaneios pessoais, como foi o célebre caso do WC do seu Ministério. Por vezes valorizam-no em demasia e o político passa a ser identificado pelo seu episódio mais infeliz. Não é o caso de Carrilho. Pessoalmente considero que foi O ministro da Cultura. Não foi mais um, foi o Ministro da Cultura, talvez o único.
Já lhe caem algumas críticas, com Vasco Pulido Valente à cabeça, mas haverá alguém que não seja alvo? Nas últimas semanas Vasco Pulido Valente tem estado numa acidez descontrolada, rotulando tudo e todos, de António Borges até Carrilho ninguém tem escapado aos seus rótulos de mentes vazias e braços incapazes. Não chega Vasco! O Mundo não é perfeito e, por vezes, até a nossa incapacidade nos aborrece! Não é assim senhor ex-deputado?
Quanto a Carrilho... tem tudo para ser um bom político, mas falta uma sinceridade espontânea. Será que não a tem ou apenas está camuflada pela filosofia?

António Borges e o PSD

Faz-me lembrar um corredor dos 110 m que acelera a sua preparação para a Golden League. Tenta fazer de todas as suas debilidades, as melhores forças, procura fazer certinho para evitar as lesões. Até a forma como coloca o pé no chão é previamente estudada para evitar entorses.
Neste momento não faltam figuras do PSD que se colam ao atleta, numa perspectiva muito de futebol juvenil... Qualquer coisa do género: “Vamos assegurar e apoiar este valor, porque, daqui a uns anos, será o principal activo do fundo de jogadores do PSD”.
Alguns dos apoios são as caricaturas da caricatura que tracei anteriormente. Para aqueles que já estão empertigados por não falar em nomes, aí vai: Feliciano Barreiras Duarte. Profissão: político. Hobby: política. Desporto: política.
Confesso que não morro de amores pelo senhor, bem sei que é do Oeste, mas não chega. Também reconheço que os Caldenses deviam-lhe estar gratos pois este foi um dos homens capaz de criar mais uma das originalidades portuguesas, a de transformar um trecho de uma auto-estrada paga, numa circular urbana. Enfim... Mas o que me leva a escrever esta referência a Feliciano é o seu artigo, no jornal Expresso, onde se apresenta como subscritor da moção de António Borges ao Congresso do PSD. Não sei se o fez por livre iniciativa ou se, pelo contrário, faz parte de uma estratégia concertada do staff Aposto nesta última versão e, só por isso, o destaco. O artigo intitula-se: “PSD: a voz da sociedade civil”. O título é revelador do vazio que preenche um quarto (!!) de página do Expresso. Uma vacuidade total, onde qualquer debate ideológico, essencial para o PSD, não tem espaço ou foi relegado para as calendas, por conceitos tão marcantes como as seguintes:
- “Deste congresso espera-se um choque de coragem”, mais um choque!
- “Não somos nem de direita, nem conservadores. Somos [...] o partido mais português”. Muito bem, fico mais descansado.
- “Temos que preservar o nervo...”. Onde esteve o nervo no período de Santana Lopes?
- “Temos de mobilizar mais homens bons...”. Com certeza, à sua imagem.
Sucedem-se os momentos de viragem no debate político nacional, para finalizar só me resta agradecer a António Borges, por já se ter aliado aos melhores, mais competentes, mais esclarecidos militantes do PSD. Começo a sentir que está aqui a nascer uma alternativa política para o PSD e, consequentemente, para Portugal.
Agora a sério, mudança ou inovação não se fazem com protagonistas entrincheirados e nunca eleitos... directamente.


CDU
Um dos primeiros Projectos-Lei do PCP apresentado na Assembleia da República foi a actualização das pensões dos reformados portugueses. Imaginem para que valor? Assim sem mais... já estamos habituados. Como é fácil ser Governo na oposição. De qualquer forma, continuem.


PP
Parece que o táxi que se perdeu. Neste momento o partido precisa mais de um bom GPS do que de um líder.

BE
Boa intervenção de Helena Pinto protestando contra a alegada indiferença das forças policiais relativamente a ataques homofóbicos perpetrados por grupos de cidadãos (cobardemente) anónimos. Assim vai o Bloco justificando o seu crescimento.

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