sábado, abril 16, 2005

A Política da Semana

José Sócrates...
... foi à RTP para uma entrevista com Judite de Sousa e confirmou que a contenção verbal que tem sido apanágio da sua actuação se justifica plenamente. Não estando mal, também não brilha. No entanto quantos primeiro-ministros de Portugal poderão argumentar que, ao fim de um mês, tiveram um pacote legislativo tão amplo e de medidas emblemáticas?
A mais forte é certamente a limitação de mandatos de cargos políticos executivos. A visibilidade desta medida só irá surtir efeitos no espaço de uma geração, mas irá conduzir a uma renovação dos actores da nossa política. A renovação de mentalidades que o país carece também começa por aí, mas é fundamental que comece no interior dos partidos para ter sucesso.
O facto do Governo não ter recorrido às nomeações, por autocolante, dos seus militantes pode ser um sinal interessante. Mais, ainda não aconteceram as rotações das administrações das grandes empresas públicas. Os resultados apresentados por essas gestões não deixam muito espaço de manobra para os nomes que estão na gaveta. Estou convencido que isso não aconteceu, não só por este factor, mas também porque o executivo quer agir certo, sem riscos que lhe afectem a credibilidade.
Igualmente importante é o combate ao crime, principalmente ao tráfico de armas, que passará a contar com a presença de magistrados junto das forças de intervenção. O crime mudou e, naturalmente, o combate e a prevenção têm de abandonar a perspectiva de reacção para a antecipação.
Na forja estarão novas medidas relacionadas com a formação da população activa, Mariano Gago terá manifestado aos reitores das Universidades sobre o interesse do Governo no decréscimo dos preços dos mestrados. Ainda não é sequer um projecto de lei, mas espero que avance, de uma forma diferenciada, com incidência nas áreas tecnológicas e gestão e que se estenda a outras áreas da formação pós-licenciatura.
José Sócrates faz bem em não falar muito, pelo menos por enquanto, não é homem de ironias, de combate retórico. O mais forte trunfo político, na sua boca, torna-se inócuo. A determinada altura da entrevista Sócrates ri e refere o paradoxo da exigência do PSD na elaboração de um orçamento rectificativo. “Não acham estranho que o mesmo partido que elaborou o orçamento exija agora um orçamento rectificativo?” . Não passou! Sócrates riu, de boca fechada e não conseguiu a solenidade que a ironia exigia. Agora a sério meus amigos, terá isto alguma importância? Desde que governe bem, especialmente quando as coisas começarem a doer...
Depois do mestre da ironia que foi Santana Lopes, mas incompetente no governo, uma mudança de estratégia parece-me benéfica!


“Santana não é candidato a Lisboa”
Notícia de primeira página de jornais, de abertura de noticiários de televisões e rádios, mas como? Pergunto eu... Que justificação se encontra para este assédio a Santana, nestas circunstâncias? Quanto tempo vai demorar até os media se afastarem desta droga que os alimenta? É verdadeiramente incrível, principalmente porque Santana apenas é candidato a não-candidato! Conseguiu que fosse Marques Mendes a carregar o ónus da sua não-candidatura. Depois queixa-se que é atraiçoado... faz tudo para que isso aconteça! Ó senhor cresça!

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