terça-feira, março 08, 2005

Revisionismo por Express-Mail

Quem me conheça sabe que poucas vezes falo em CDS, prefiro sempre a designação PP. O porquê é muito simples, o CDS já não existe. Existe um novo partido que parte do seu espaço e navega sem rumo, consoante lideranças e objectivos imediatos. Paulo Portas procurou regressar ao CDS, colocou a imagem de Freitas do Amaral junto da dos restantes líderes, voltou a falar da Democracia-cristã, assumiu uma matriz institucionalista, defendeu a estabilidade inerente à doutrina de um partido conservador e fez apanágio dos "valores".
Mas que valores são estes? Respeito pelas instituições e pela sua História, perspectivas morais conservadoras, Estado liberal na economia mas regulador na sociedade, etc. O cenário internacional tem sido favorável ao crecimento de partidos de Direita, o que em muito contribuiu o incremento das doutrinas neo-conservadoras nos Estados Unidos da América e os resultados do Partido Liberal na Grã-Bretanha, mas em Portugal o PP tem desbaratado oportunidades com as suas alterações de rumo, lideranças conturbadas e purgas históricas a figuras que deixaram de se rever no partido. Assim foi com Manuel Monteiro eliminado dos vídeos apresentados no Congresse e agora com Freitas do Amaral. Para um partido que luta pelo respeito das instituições e das suas figuras, o episódio de enviar uma imagem de um ex-líder para o Largo do Rato, não abona em nada a sua credibilidade. Todos soltámos uma gargalhada, mas isso espera-se do Bloco de Esquerda, não do tal partido conservador. Provavelmente são stresses pós-traumáticos das últimas eleições legislativas.
O partido ter escolhido um jovem para fazer aquela comunicação inusitada é revelador de qual o papel que cabe aos jovens populares. Um jovem submeter-se a esse papel revela arrogância e pretensiosismo e deixa-nos a todos reticentes com o futuro desse mesmo partido.
Não critico o descontentamento com a atitude de Freitas do Amaral, entendo-o perfeitamente, mas pretender reformular ou apagar a História são tiques graves e que não ficam bem num partido democrático. Nem o facto de ser de Direita o atenua, bem pelo contrário. Que sirva de emenda.

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