As declarações de Paulo Portas na SIC-N deixam antever que um cenário de eventual coligação entre PS e PP não está, de todo, afastado. Paulo Portas começou como um político manchado por ligações (ainda hoje) questionáveis até alcançar a aura de governante competente e pragmático.
Primeiro ponto: ninguém pode negar a capacidade política de Paulo Portas e a sua capacidade de apresentar trabalho à frente de um Ministério para o qual não estaria à partida preparado.
Segundo ponto: Paulo Portas é o mais hábil estratega política do último decénio, apenas Marcelo Rebelo Sousa o bateu, quando da sua curta liderança do PSD.
Terceiro ponto: O pragmatismo, ou melhor, a hipocrisia da sua estratégia não é saudável para a Democracia. O populismo e a demagogia do paulinho das feiras e da lavoura gerou um Ministro da Defesa que, em tempos de crise, conseguiu aumentos do orçamento da Defesa de 22%! As prioridades do Estado nem sempre estão em consonância com as do País.
Voltando ao segundo ponto, o que será Sócrates em coligação, mesmo que pontual, com Paulo Portas? A resposta: refém. Será um primeiro-ministro manietado à capacidade estratégica e de antevisão do cenário político que Paulo Portas tem revelado. O país continua à espera que Sócrates se revele um líder, pois o país não é o Partido Socialista. A estratégia que ganhou o partido será a estratégia que perderá o país. Não tenho dúvidas disso. A demora na intervenção pública, a escolha de argumentos, a recusa na participação de debates, revela fragilidades que me parecem estruturais de Sócrates. A confirmação dessas fragilidades num cenário de cooperação (!?) com o PP seria o fim da autonomia do programa eleitoral socialista. Como ficaria a questão da Interrupção Voluntária da Gravidez?
De qualquer maneira Portugal não se pode esquecer do que foi Santana Lopes, mas também do que foi Paulo Portas e dos embaraços que criou ao governo de Durão Barroso com o caso Moderna... e da cirúrgica colocação de Celeste Cardona!
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