quinta-feira, dezembro 23, 2004

A Le Penização de Jardim

Quando há pouco tempo atrás Alberto João Jardim ameaçou o Diário de Notícias da Madeira de expropriação após a publicação de algumas notícias desagradáveis ao Governo Regional, o jornal Público deu eco desse acontecimento. As ilegalidades na gestão do porto da Madeira, a atribuição de concessões a privados dos túneis construídos pelo Governo Regional, a guerra com o ministro Paulo Portas, tudo isso foi incomodamente publicado pelo jornal Público, para grande insatisfação de Alberto João Jardim. Como sabemos, o líder do PSD Madeira movimenta-se como ninguém no limbo do barely legal, ameaçando tudo e todos com a maior das impunidades e desresponsabilização. A história da rua alcatroada e interrompida na casa de um deputado do PS é do conhecimento de alguns, mas é frequentemente encarada como um facto humorístico, de tão absurda e despudorada que consegue ser. Alberto João é um corredor de fundo, que sabe dosear o seu esforço e dar os safanões necessários quando é preciso deixar a concorrência para trás. Assim o fez com os resistentes de Machico que durante tantos anos se recusaram a dar a vitória ao seu partido. Cansados da luta desigual deram a vitória ao PSD e começou a revolução.
O quero, posso e mando de alguns autarcas do continente é elevado ao expoente máximo por AJJ, que, nesta semana, voltou a proibir os serviços e institutos regionais de assinarem o jornal Público, que o próprio designa como “folha esquerdóide do retalhista Belmiro”. Ao melhor estilo das municipalidades ganhas pela Frente Nacional, quando Le Pen era o seu líder, Alberto João Jardim procura doutrinar e fornecer as tendências de pensamento dos seus conterrâneos, recorrendo à manipulação e à censura sempre que se lhe afigura necessário. A pérola do Atlântico é cada vez mais uma ostra fechada e oca, que flutua consoante os dislates do seu nativo mais ilustre.

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