domingo, novembro 07, 2004

Portugal. Cada vez mais um país de beira-mar...

Não é contraditório que o país que organizou uma exposição universal e a dedicou aos oceanos, que pretendeu a instalação no seu território (e conseguiu) da Agência Marítima Europeia, que tudo fez para que o comando atlântico da Nato continuasse em Oeiras, que criou uma agência nacional para os Oceanos, que tem um Ministro da Defesa e dos Assuntos do Mar tenha pemitido, sem a mínima contestação, que na nova Constituição Europeia fosse retirada aos Estados a gestão dos recursos vivos do mar?Da mesma forma que esta posição surpreendeu tantos portugueses, que leram a notícia foi divulgada pelo semanário Expresso, também em Bruxelas o silêncio do Governo Português foi encarado com estupefacção. Não se trata apenas de perdermos autoridade, que era cada vez mais diminuta, no domínio da gestão pesqueira, mas principalmente pelo facto de ficarmos privados de autonomia nos domínios da investigação de micro-organismos preciosos para os florescentes campos cientícos e comerciais da biotecnologia. O mar é cada vez mais uma fonte de matérias-primas para a áreas de produção de vanguarda científica como a indústria farmacêutica...seriam esses os Descobrimentos que colocariam Portugal na vanguarda do século XXI. Há vários anos que especialistas nacionais alertam para esta visão estratégica para Portugal, infelizmente os políticos apenas encaram o mar na perspectiva da geoestratégia e das relações internacionais. Até eu, no meu exercício humilde de cidadania, escrevi um artigo para o Notícias da Nazaré sobre esta temática.A nossa relação com esta vastidão que todos os dias nos toca e, por vezes. nos bate vai resumir-se a passeios pelas marginais ou na espuma da rebentação suave, uma vez que tudo o resto não nos é tangível.

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