sábado, novembro 27, 2004

"É chegado o momento de os políticos competentes afastarem os políticos incompetentes"

Cavaco Silva, 27.11.04

Na fase terminal do cavaquismo fui um crítico feroz do Governo de Cavaco Silva, não que duvidasse da sua competência técnica ou da sua qualidade moral, simplesmente estava cansado da sucessão de escândalos que afectavam a imagem do país. No entanto, lembro-me perfeitamente de, na altura, pensar que o país ainda iria rever a atitude hostil com que tratou esses últimos anos de mandato, que não tendo sido bons o futuro se iria encarregar de mostrar que não foram assim tão maus!!A autoridade com que Cavaco Silva fala hoje em dia prova que a sua imagem técnica e humana continua inalterável. Porquê? Porque foi um político competente. Não deixa de ser extraórdinário que Cavaco Silva tem feito de snipper da consciência política portuguesa, quando na liderança do Governo de Portugal se encontra o seu partido. É um sinal de independência que fica bem num futuro candidato a Belém, mas já soam vozes que consideram que o seu lugar continua a ser liderança do Governo. Não fosse a instabilidade que isso provocaria, creio que o país ainda se unia para que Cavaco liderasse um governo de transição para as legislativas de 2006! Daria tempo ao PS e ao PSD para arrumarem a casa e correrem com os imcompetentes, e ao país para fazer as reformas indispensáveis nas finanças e administração pública e conferir uma novo impulso à economia portuguesa.O problema é que na actual cronolgia nacional primeiro estão as autárquicas (logo vão continuar as atribuições de poder a muita gente de altíssimo calibre), os dois principais partidos continuam com pouca vontade de arrumar a casa e depois teremos as eleições Presidenciais... e nessa altura Cavaco tem de estar livre!A confirmar-se este parágrafo resta a Cavaco Silva não economizar nas letras dos seus artigos, bradando contra os incompetentes, que também o apoiam, e arriscar-se a perder o crédito que fez dele o que é hoje. Cavaco sempre foi um executor, não um comentador. Que impacto terá isso na imagem que tem junto dos portugueses? Por outro lado, pode estar apenas a adaptar-se às reduzidas funções de Presidente da República: aconselhar e criticar o Governo!!

Sem comentários: