Vou voltar a escrever sobre política interna e, desta vez, em jeito de confidência! Aqui vai: tenho boas expectativas em relação ao ministro António Mexia. Tal facto deve-se, em parte, ao trabalho fantástico que desenvolveu na Galp. Bem sei que foi pago principescamente, mas cumpriu os objectivos a que se propôs e a Galp é uma empresa com uma imagem positiva em Portugal e também em Espanha, mercado onde sempre revelou tremendas dificuldades de implantação.
A entrevista de ontem na RTP1 trouxe uma série de ideias já conhecidas, salteadas com outras de alguma inovação, que vão requerer coragem, determinação e alguma teimosia para serem cumpridas. Ninguém discute que a pessoa (NÓS) deve ser o centro de toda a política de transportes públicos, mas a linguagem utilizada muda com muitas das tendências até aqui implantadas. Fale-se em cliente e não em utente, o centro das coroas de transportes são os percursos definidos pelos passageiros e não os centros geoográficos das cidades. Porque é que o centro tem de ser o Rossio, se moro em Belém? Esse é o meu centro e vai poder se-lo. Vamos poder comprar o passe com os dias em que realmente circulamos e não com o preço fixo actual. Aquilo que o ministro exige às empresas como o Metro, Carris e CP é "coopetição", que compitam complementando-se, cooperando, criando as modalides necessárias aos passageiros. Para tudo isto funcionar será criada a autoridade metropolitana dos transportes... será? Desde os governos de Cavaco Silva que se fala nisso e nada... acredito que será desta.
Vamos a algumas dos imbróglios que se lhe deparam e que vão requerer mais capacidade política que técnica: ordenar a administração do metro do Porto (apesar da posição minoritária do governo), resolver o túnel do Marquês (a CML é incapaz), o túnel do Rossio (após décadas de passividade), finalização do alargamento da Linha do Norte (a mais ruinosa e irresponsável obra pública feita nos últimos 20 anos em Portugal), terminar o Plano Rodoviário Nacional (com o dinheiro das futuras extintas SCUTs, medida de gestor nunca de político!), refriar a pressão dos investidores, (??) ou melhor, especuladores que gastaram fortunas a comprar terrenos na Ota uma vez que a construção do aeroporto será adiada pelo menos por mais cinco anos, arranque do trajecto Porto-Vigo em Alta Velocidade, terceira travessia do Tejo, dotação do Porto de Sines das prometidas vantagens competitivas para se tornar num porto de referência a nível europeu, etc., etc...
Ufff!! Não será fácil e com o apoio que os restantes ministros e primeiro-ministro têm dado começo a acreditar que António Mexia não terá tempo para tudo isto. Na melhor das hipóteses arrisca-se a ficar como o ministro do TGV ou, num vatícino mais cruel, como o ministro anti-scut.
Veremos...
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