domingo, outubro 10, 2004

As intermitências de Sócrates

A estratégia que José Sócrates apresentou na comissão nacional do Partido Socialista veio clarificar algumas das dúvidas que se levantavam relativamente ao silêncio e às reacções em câmara lenta, relativamente a temas da actualidade nacional. O caso Marcelo Rebelo de Sousa é um paradigma de alheamento ou distanciamento do PS face à cadência de escândalos e erros governamentais. Mesmo quando reage José Sócrates prefere criticar o "estilo" ou exigir desculpas de Santana Lopes! Creio que todos nós não estamos interessados nem num coisa nem noutra, as questões de estilo são para ser analisadas pela Fashion Tv e as desculpas só são válidas quando são sinceras. Honestamente não acreditaria na sinceridade do primeiro-ministro se este as pedisse...
Voltando a Sócrates e à postura em análise, esta poderia ser a estratégia correcta se o líder do PS discutisse os problemas do país, levantasse questões e apresentasse soluções, ainda que não devidamente aprofundadas, em virtude do sua curta liderança.
A oposição ainda está morna e Sócrates teima em não aquecer. A verdade é que Sócrates tem de avançar depressa antes que os rumores que circulam em off e nos bastidores da política nacional se tornem num sério embaraço e minem a sua credibilidade futura. A central de informação do governo não serve apenas para a comunicação da acção governativa, poderá ser aproveitada para fins bem mais mesquinhos...
Uma coisa parece evidente, se Jorge Sampaio não se exaltar entretanto e convocar eleições antecipadas até Junho, vamos assistir a uma onda de informação e contra-informação que colocará em evidência a importância da estratégia de derrube de Marcelo Rebelo de Sousa.
José Sócrates que se cuide! Apesar de tudo, depois de ter sido atacado por quase todos os comentadores de Portugal aquando das eleições do PS, neste momento, tem a complacência de alguns comentadores de órgãos de comunicação social insuspeitos como o Expresso. Na edição de ontem, Fernando Madrinha e Henrique Monteiro teceram comentários proféticos sobre o potencial de Sócrates para fazer frente à coligação. Como será se chegar a primeiro-ministro?

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