segunda-feira, maio 22, 2006

Depois de Alcobaça, agora é Lisboa


Gonçalo Byrne continua em grande forma depois do sucesso da requalificação da envolvente do nosso Mosteiro, agora estalou a polémica com o seu projecto para o Largo Barão Quintela. Byrne volta a fazer um projecto ao seu estilo... Num jardim romântico oferecido à cidade por uma dos seus mais ilustres habitantes da cidade de Lisboa do séc. XIX, Byrne vai deslocar a estátua de Eça de Queiroz, fazer uma praça à semelhança da nossa D. Afonso Henriques e colocar um parque subterrâneo a 50 m do actual parque do Camões. Um local com uma mística tão especial irá ser desmembrado ao gosto de um executivo autárquico e de um "arquitecto de renome". Mas as espantosas semelhanças com Alcobaça não terminam aqui, há ainda a posição do IPPAR. Depois deste organismo ter emitido sucessivos pareceres contra anteriores projectos, qual foi a alternativa do promotor para garantir aprovação? Chamar um arquitecto de renome... Gonçalo Byrne, pois claro. Feito um novo projecto aprovação garantida!! Apetece-me dizer que é surreal, mas é a nossa realidade, aquela que vivemos todos os dias.
Mais uma vez, um coro de anónimos, ao qual aderi em texto neste blog e imprensa local no auge da polémica do Rossio de Alcobaça, e uma colectânea de académicos são desvalorizados por um executivo eleito e por um arquitecto escolhido... e mais não digo. Entre as pessoas que se manifestaram constam Raquel Henriques da Silva ou Vítor Serrão, mas esses são historiadores, não políticos. No entanto, pode haver uma centelha de esperança, pois ao que parece Paula Teixeira da Cruz, está contra esta posição do seu executivo, que segue um erro que vem de 2003. Lá vamos nós ouvir a desculpa dos "direitos adquiridos" novamente...
Mas as polémicas Byrnescas continuam. Santana Lopes quando chegou à Câmara Municipal de Lisboa uma das primeiras coisas que fez foi chamar um "arquitecto de renome" para um projecto para a área da Ajuda e seu Palácio. Quem foi o técnico de renome? Gonçalo Byrne. Uma das vertentes desse mesmo projecto é construir aquilo que nunca foi construído no palácio... uma ala inteira. Num país que se acotovela para arranjar fundos para recuperar património histórico-cultural em ruínas, que megalomania é esta de ir terminar um monumento que não foi concluído precisamente porque não haveria dinheiro?! O que virá a seguir? As Capelas Imperfeitas do Mosteiro da Batalha, as torres sineiras do Santuário Senhor Jesus da Pedra em Óbidos??
Quando é que Portugal assume a sua dimensão e condição como uma vantagem e não com o complexo de inferioridade que faz da megalomania a única alternativa?

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