quinta-feira, agosto 25, 2005

Redoma Política

Um dos aspectos mais preocupantes do sistema político, não só em Portugal, é esta espécie de redoma em que a política se deixa envolver. Poderíamos ainda chamá-la de submundo, mas essa é uma expressão que tem uma conotação ilícita demasiado intensa para a mensagem que procuro transmitir. A redoma leva a que a Política e os seus actores se e encarcerem nessa redoma, de maneira a que consigam protecção contra qualquer intempérie do mundo exterior. Quanto mais o fazem, mais as suas próprias regras se implantam e mais o resto do mundo se afasta deles.
Podemos mentir, ser cobardes, desonestos e sê-lo apenas por um segundo, mas quando o somos... somos como um todo. Não existe mentira sentimental, desonestidade financeira. Fomos e pronto. Essa mancha atinge-nos na integridade. Na política as regras são diferentes! Todos os dias o jargão faz-se ouvir: “O Sr. foi desonesto politicamente” ou “revelou uma grande cobardia política” e ainda “o Sr. é uma fraude política”. Parece que toda a ofensa, toda a acusação, quando leva o “sufixo” político perde a dimensão que persiste no mundo fora dessa redoma.
São as regras do jogo dizem uns, para outros são apenas exemplos do estado a que chegou a política. Para mim é apenas a demissão de uma política com ideias, princípios e principalmente de respeito pelas mais elementares tradições humanistas. A política é dura, assim como as críticas que dela nascem, mas a mediocridade reinante faz com que uma subversão social, como esta, se espalhe como uma pandemia e generalize a incapacidade da sua cura! Compete-nos a nós tapar esta redoma com um capa moralista ou, pelo contrário, forçar a sua abertura. Não podemos criticar e comentar: “sou um desinteressado político”, sem esperar que os nossos direitos de cidadania se ressintam disso.

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