domingo, maio 22, 2005

0 "bichinho da rádio"

Um ano e meio depois chega ao fim a minha participação na rádio Cistér como comentador das notícias da semana. Procurei fazê-lo sempre com a maior imparcialidade e isenção possível, centrando-me nas causas e nas consequências das questões, menos no espectáculo que os fenómenos mediáticos carregam. Aquando num programa deste género, por vezes, ficamos com a impressão que muito mais haveria para dizer... é inegável. Sem acesso a todas as fontes de informação que desejaria espero pela redenção daqueles que me ouviam e que dêem o benefício da dúvida a um amador que, no entanto, sempre procurou ser sério.
Existem sempre episódios caricatos que tornam a rádio tão especial, recordo alguns:
Numa determinada altura a dois/três minutos do início do programa o meu amigo e locutor Nuno Silvestre não sabia onde tinha a folha com o alinhamento do programa, a mesma folha que me tinha mostrado cinco minutos antes! Alvoroço em estúdio... música para queimar uns segundos, uns a espreitar debaixo das mesas, outros nos jornais, na casa-de-banho, até que o Nuno se recorda de mexer no caixote do lixo. Lá estava! Teria sido premonitório quanto ao programa? Não nos deixámos intimidar e acabou por correr bem.
Outra história curta, num dos programas que mais falámos do PSD, a nível nacional e local, um qualquer militante ou simpatizante desse partido ligou para a rádio e disse o seguinte: "Só queria dizer que estão dois tipos do PS a falar" e desligou.
Mas há mais e esta para mim foi mais grave porque revela uma forma de estar na política que não me apraz. Em determinada altura conturbada da política local (Alcobaça) houve um teatro relativamente ao dia de início da construção de uma variante ao centro de Alcobaça. A determinada a altura refeir que essa variante não ia começar... mas falava da data anunciada pela Câmara. Não que não iacomeçar nunca! Uma determinada vereadora ouviu e ligou para rádio, num tom de desdém, para saber quem eu era. Depois da explicação que lhe foi dada rematou com um desprezo que lhe é inerente: "Não conheço. Estava a dar-me vontade de rir." Como em tantos outras coisas, nunca negaram os factos, mesmo quando foram alvo de acusações graves. Consideraramm que não têm de me responder... È verdade. Não desejo semelhante honra, mas não deixa de ser revelador da habitual personalização e arrogância que grassa na nossa política.
Chega então hoje ao fim um progama despretensioso, feito de boa vontade e de coragem, que procurou ter alguma pedagogia na forma como desmantelava as notícias e as interrogava. Reflexação, mas também acção. Não me coíbi de dar a minha opinião de qual o caminho alternativo quando criticava o caminho escolhido. Evidentemente isso expõe quem fala ao erro, mandamos uns tiros ao lado, mas nós portugueses precisamos de falar e mais importante... de pensar! Costumo dizer meio a brincar, meio a sério, que gostava de criar o minuto de pensamento obrigatório ou o dia do pensamento! Só depois podemos agir de forma consistente.
Como aconteceu tanta vez na rádio, o tempo e, neste caso, as linhas escasseiam. Da mesma forma que acontecia com o comentário, uma pequena notícia acabava numa enorme exposição.
Queria escrever meia dúzia de linhas e ainda não consegui parar. É sempre assim quando escrevemos ou falamos de alguma coisa que gostamos.
Sem nunca ter percebido o impacto da minha passagem pela rádio, por vezes assutavam-me quando me diziam que tinham ido a ouvir o programa até Coimbra ou Lisboa, mas a responsabilidade e o prazer é mesmo como se o fizesse para um grupo de amigos. Sério!

4 comentários:

Anónimo disse...

Espero que este texto não seja de "adeus" mas de "até breve". Habituámo-nos a ler ou ouvir os teus comentários e gostava que não desistisses. Sei que és uma pessoa ocupada e que não vives habitualmente em Alcobaça, o que dificulta muito as coisas, mas a boa vontade que te é inerente decerto que te vai fazer voltar a um outro qualquer meio de comunicação social.
Tenta por isso ir conciliando as coisas... até porque sabes que há sempre mais alguma coisa que te espera e que, de certa forma, Alcobaça precisa de ti! João Santos

Anónimo disse...

olá,o meu nome é Sónia Gerardo e foi com imensa frustração que deixei de ouvir o NUNO SILVESTRE nas tardes de domingo, na rádio Cister.
Adorava ouvi-lo, assim como os seus comentários.
Confesso que agora esta rádio é uma manta de remendos e de gente sem o mínimo de formação para estarem á frente do microfone.Aliás Alcobaça é mesmo assim,tudo o que tem valor mandam-nos embora ou tentam pressioná-los, porque se sentem incomodados.É com muita pena que você e o Nuno Silvestre não voltem á Cister.Voltem que nós aguardamos,OK

Unknown disse...

Olá Sónia, experimenta a rádio Clister

Anónimo disse...

meus amigos,sou municípe do concelho de Alcobaça.
Acham que a rádio Cister está a fazer um bom trabalho?
Eu também concordo,claro que da fruta que lá está ,pouco sumo produz,o que é pena?